domingo, 25 de agosto de 2013

A primeira cirurgia e os primeiros dias de pós-operatório


    Minha cirurgia foi marcada inicialmente para o dia 26/07/2013 às 09hs, porém, o Dr. Miguel precisou antecipar para o dia 24/07/2013 às 21hs. Eu estava em férias e distante 500 km de Porto Alegre e fui avisado da mudança no dia 23 - correria para voltar. No dia seguinte - dia da cirurgia, saímos cedo a caminho de casa. Foi uma longa viagem, 500 km de carro, dirigindo sem poder comer e beber nada nas últimas 8hs. Mas chegamos bem. Por volta das 18hs. estava em casa e às 20hs. já estava no Hospital Mãe de Deus onde a cirurgia foi realizada.
   As cirurgias estavam atrasadas, e chamaram-me para a triagem por volta das 21h20min. Coloquei a roupa adequada e aguardei em uma sala a anestesista vir conversar. Após intermináveis 15 min. assistindo a "espetacular" Rede Globo e ansioso, uma enfermeira levou-me até a anestesista. Passada a entrevista, fiquei ali por mais uns 10min. e depois fui conduzido até a sala cirúrgica. Estavam todos lá efetuando os preparativos. Deitei na maca e naquele momento fiquei apreensivo, não havia mais volta. A anestesista começou a colocar os eletrodos e preparar tudo. Chegou o momento da anestesia geral. A anestesista falou: "você vai sentir uma tontura, a visão vai ficar branca. Quando você começar a sentir isso, avise-me.". Ela colocou em mim a máscara e passarem-se uns 2 min. e nada, a Dra. perguntou se não havia sentido e eu nada. Por instantes olhando para o teto da sala, como se o relógio arrastasse os pesados ponteiros, imaginei que talvez a anestesia não fizesse efeito em mim e que a cirurgia seria cancelada, porém, em seguida comecei a sentir os reflexos lentos. Avisei a Dra. e em seguida apaguei. 

   A cirurgia começou por volta das 22hs, e acabou as 00hs. aproximadamente. Acordei falando normalmente e lembro que acordei perguntando as horas. Em seguida, respondi que a cirurgia havia demorado e a anestesista comentou que a demora foi para me acordarem, a cirurgia foi rápida. De fato deve ter sido complicado para me acordar, afinal o dia fora cansativo.
    Em seguida encaminharam-me para a sala de recuperação. Eu estava com uma espécie de tampões nas narinas - tive um pequeno sangramento, segundo informação dos cirurgiões. Não sentia dor nenhuma, apenas um desconforto em função dos tampões e do gelo que me puseram sobre o nariz e que tampava os olhos, mas nada de mais. Na noite o que mais incomodou foi um paciente roncando na maca ao lado, eu tentei dormir, mas o ronco era impressionantemente forte. Dormi muito pouco. Durante a noite tomei alguns comprimidos dados pelas enfermeiras e comi alguns copos de gelatina. Por volta das 8hs. da manhã um dos cirurgiões da equipe veio ao hospital para realizar minha alta. Retirou os tampões (eram grandes, como ele mesmo disse a retirada pareceu um parto), isso doeu um pouco, mas foram segundos e passou. Por volta das 9hs. minha esposa buscou-me no hospital acompanhada de um primo meu, o qual teve a feliz simpatia de dizer que eu estava muito parecido com o Kiko do Chaves! De fato estava! Fomos para casa com uma lista de quatro remédios para uso de 4, 8, 12 e 24hs. Tive sangramento nas narinas (pequeno) pelos dois dias seguintes. Mas apenas cuidava para não baixar muito a cabeça. E à medida que usei o remédio (Afrin) que pingava nas narinas, o sangramento cessou.

    Já em casa, comecei a perceber o inchaço. Incha bastante nos primeiros quatro dias, depois vai diminuindo gradativamente. Passa totalmente por volta de 10 ou 15 dias.
    Dor não senti nenhuma por incrível que pareça apenas um desconforto, pois você passa a não sentir mais os dentes da arcada superior. Muito estranho, imagino que seja muito parecido com a sensação de quem usa próteses (chapa). Você toca no dente e parece que ele não faz parte do corpo, e sim um anexo dele. Mas nada mais natural, afinal o osso está serrado, e os ligamentos e nervos rompidos. Mas à medida que o tempo passa a sensibilidade dos dentes vai voltando.
    É bem complicado fazer a higiene, pois acabamos perdendo a sensibilidade e então passamos a ter medo de machucar e no fim das contas a higiene fica mal feita. Passados alguns dias você começa a higienizar melhor.

   A alimentação nos primeiros quatro dias foi a base de comidas líquidas e pastosas em temperatura ambiente ou geladas. Passei a tomar sopas, cremes dos mais variados sabores. Purê de batata e outros legumes no segundo dia. Minha esposa e minha mãe foram incansáveis, fazendo as comidas e batidas. Colocavam carne e legumes para bater no liquidificador, para que eu não ficasse sem algumas proteínas. Nos cafés muita batida de frutas e nada de pães e bolachas. Essa foi uma parte complicada, pois você fica vendo a família alimentando-se e comendo pão com margarina (acredite, foi o que mais senti falta), e não poder comer. Mas levei na boa, resisti bem. Comecei a comer comida normal, mas sem morder com força uns 10 dias depois, arroz, feijão, purê, massa, eram tranquilos de comer, carne comi um pouco cortando pedaços bem pequenos.

    Nos primeiros dias senti-me abatido, sem ânimo. Passados 2, 3 dias foi cessando. Depois gradativamente você vai sentindo-se melhor e em seguida percebi que é bem mais simples do que pensei que fosse. Eu sinceramente achei que seria bem pior do que foi. No final vi que vale muito a pena.